O papel do despachante vai além do desembaraço

Como o suco de maçã pode ensinar sobre estratégia em exportação:

Exportar alimentos processados exige muito mais do que preço competitivo e logística. Para quem pensa em colocar o suco de maçã brasileiro no mercado internacional, é essencial entender tarifas, exigências técnicas e regulatórias que podem definir o sucesso ou o fracasso da operação.

Este conteúdo é apenas um resumo do processo detalhado que desenvolvemos para nossos clientes.
Recentemente, fomos acionados por uma empresa que queria entender alternativas para continuar exportando em meio ao chamado “tarifaço”. O pedido foi claro: encontrar caminhos estratégicos para acessar mercados exigentes como Japão e União Europeia.
Japão
A maçã fresca brasileira não entra no Japão, mas o suco processado pode ser exportado. Tanto o não concentrado quanto o concentrado pagam tarifa de importação de 27% sobre o CIF, mais 10% de imposto de consumo.
As exigências incluem laudos laboratoriais para patulina (limite de 0,05 ppm), conformidade com a lista positiva de pesticidas, rótulo em japonês e notificação de importação ao Ministério da Saúde.
União Europeia
Na União Europeia, as tarifas são menores, em torno de 12%, mas a burocracia é mais complexa. O suco deve atender à Juices Directive, que define padrões de composição e denominações obrigatórias. Não é permitido adicionar açúcar a sucos, apenas a néctares.
Além disso, o rótulo deve estar em conformidade com o Regulamento 1169/2011, incluindo informações nutricionais, país de origem, ingredientes e idioma oficial do Estado-Membro de destino. Também se aplicam limites para patulina (50 µg/kg), resíduos de pesticidas e contaminantes. O IVA varia por país: 19% na Alemanha, 21% na Espanha, entre outros.

A lição por trás do caso
Quando o cliente nos pediu apoio para “desviar” do tarifaço, mostramos que a resposta não está apenas em buscar países com impostos menores. O verdadeiro diferencial está em estruturar um caminho completo de acesso: classificação fiscal correta, laudos técnicos, adequação regulatória e estratégia tributária.
É por isso que elaboramos documentação com base legal para que nossos clientes possam utilizar como guia e tomar decisões de forma segura.
O despacho aduaneiro não se limita ao desembaraço, mas sim a entender e procurar alternativas em conjunto com o cliente, auxiliando desde as fases iniciais, bem antes de se cogitar o início das operações.
Nosso trabalho é transformar esse labirinto técnico em opções práticas, oferecendo clareza sobre custos, riscos e oportunidades.
O mercado existe, mas só conquista quem se prepara.

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